Chico, o macaco que “amolava facas” e “lavava roupa”, passou três meses junto de um grupo com outros macacos antes de ser libertado.
Um macaco que ficou famoso após ser flagrado segurando uma faca voltou para a natureza neste mês, no dia 06/10. Chico, o macaco que “amolava facas” e “lavava roupa”, permaneceu em reabilitação por três meses, junto com outros nove macacos. Todos foram soltos em conjunto, em uma região de mata na zona rural de Aroazes, norte do Piauí.
Durante o processo, biólogos e veterinários que acompanharam a soltura do macaco espalharam cachos de banana nos arredores da mata, de forma que os macacos saíssem da gaiola.
O local onde Chico foi depositado é uma área registrada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama). A região abrange a zona rural de cidades como Aroazes, Santa Cruz do Piauí, São Miguel do Tapuio e Pimenteiras.
Quem é Chico, o macaco que “amolava facas”
Chico foi descoberto em junho de 2022, quando um macaco-prego esperto chamou a atenção dos moradores da cidade de Corrente, no sul do Piauí.
Na época, o macaco entrava nas casas e estabelecimentos para levar alimentos e outras coisas. Em uma tarde, foi filmado com uma faca nas mãos, arrastando-a contra a parede, como se amolasse o utensílio.
Não demorou para que a imagem viralizasse no estado e, algum tempo depois, Chico surgiu novamente fazendo outra atividade inusitada: batendo um pano contra a parede de uma casa, algo similar à tentativa de lavar roupas.
Após a ocasião, o macaco foi capturado por equipes do Instituto Chico Mendes (ICMBio) da mesma cidade, e levado para Teresina. Lá, ele foi inserido em um grupo de macacos no BioParque Zoobotânico, onde começou a reabilitação. Ele teria permanecido 101 dias no processo.
A soltura de Chico
No dia em que foi libertado, Chico foi um dos primeiros entre os nove animais de seu grupo a correr para a mata. De acordo com os especialistas envolvidos na reabilitação do macaco, o ganho da liberdade foi tranquilo, sendo Chico extremamente esperto e inteligente.
Desde o dia de soltura, a equipe de técnicos do Semar, Ibama e do Biopaque Zoobotânico estão acompanhando a região. Deste modo, os profissionais podem observar a readaptação dos novos integrantes da mata.
Durante os 101 dias de reabilitação, Chico e os outros macacos foram preparados para retornar à natureza. A introdução no grupo do macaco, por exemplo, ocorreu aos poucos, sob supervisão diária, de forma que ele fosse aceito pelos outros integrantes.
Imediatamente, porém, Chico começou a disputar a liderança do bando, algo que é natural na adaptação. Apesar das várias tentativas para se tornar o líder, o macaco que “amolava facas” não venceu o bando. Mesmo assim, foi estimulado a recuperar os instintos de caça.
Na fase seguinte da reabilitação, biólogos e veterinários evitaram ter contato com o grupo, para que perdessem o costume de se aproximar dos seres humanos.
Esta é uma medida que evita que sejam capturados novamente. Durante sua captura em junho, na cidade de Corrente, não demorou para que Chico se aproximasse dos analistas ambientais do ICMBio, uma característica comum em animais domesticados.
Com um retorno positivo, o macaco acompanhou de forma exemplar seu processo de reabilitação, pegando as bananas assim que foi libertado. Agora, de volta à natureza, Chico deve viver sua vida animal, longe da tarefa de amolar facas ou lavar roupas. O caso de Chico é considerado um exemplo para muitos da área da proteção animal.